terça-feira, 14 de julho de 2009

Cangaço no Cariri cearense

PASSAGEM DE LAMPIÃO POR VÁRZEA-ALEGRE 
Por Antonio Alves de Morais 

Este texto conta a origem desta Cidade além de uma "suposta" passagem de Lampião por aquela região.

Os irmãos portugueses Capitão Agostinho Duarte Pinheiro e o Alferes Bernardo Duarte Pinheiro, associados ao cearense Vasco da Cunha Pereira, solicitaram umas datas de sesmarias as margens do riacho do Machado.

Por despacho de 23 de fevereiro de 1718 foi-lhes concedido a data citada numa extensão de nove léguas, com uma légua para cada lado do riacho. Dois anos depois acompanhados de familiares resolveram fazer uma excursão a propriedade.

Quando chegaram no local onde existia uma lagoa, toda circundada por floresta virgem, ficaram a contemplar aquela paisagem maravilhosa escutando o cantar de pássaros que voavam nos galhos de arvores frondosas.

Admirado com aquele magnífico panorama um dos componentes proferiu essa concisa e significativa frase: Mas que Várzea-Alegre! Sendo sugerida a escolha do nome da fazenda. O Capitão Agostinho retornou para Portugal e o Alferes Bernardo permaneceu na localidade que nunca mudou de nome até hoje. De Raimundo Duarte Bezerra, papai Raimundo, neto do português descende grande parte da população de Várzea-Alegre.

Os seus filhos Major Joaquim Alves Bezerra e o Major Ildefonso Correia Lima tiveram grande participação e influencia na historia de Várzea-Alegre e Lavras da mangabeira. O Major Joaquim Alves Bezerra nunca se afastou do município de Várzea-Alegre, ele e seus descendentes eram pessoas pacatas, calmas e não há registro de contendas ou desavenças em suas trajetórias de vida. Os seus descendentes ocuparam o executivo municipal desde a criação do município em 10.10.1870 até o ano de 1962, quase cem anos.

O Major Ildefonso Correia Lima matrimoniou-se com Dona Fideralina de Lavras da Mangabeira. Deste casamento originou-se uma das famílias mais tradicionais e importantes do Ceara. Conhecida nos segmentos do direito, política, cultura, economia e valentia.

Conta-se que por obra do diabo é que Lampião foi parar por aquelas bandas. Em Várzea-Alegre foi recebido com honras e festas. Foram três dias e três noites de dança. Um fiota das bandas do sitio Cristo Rei, dançava solto que parecia uma carrapeta, quando Lampião perguntou:

- Quem é você? Se identifique cabra?
Ele se engasgou e respondeu:
- Êeeeu sou o finado Zezin!

Já um sujeito desassombrado das bandas do Sanharol, fumava seu cigarro de fumo brabo, parecendo mais um tirador de abelha, ao ser perguntado por Lampião:

- Você fuma cabra?
Respondeu: - fumo, mas se seu Lampião quiser eu largo agora mesmo!
- Não, rapaz eu quero é um cigarro!

O medo foi tamanho que não conseguiu fechar o fumo na palha de milho. De passagem por Lavras da Mangabeira a conversinha foi outra. Quando a bala cantou, Lampião meteu a cara no mato como era costume fazer sempre que o perigo o ameaçava. E já um pouco distante os seus capangas cantavam:

Nós íamos relando o chão,
Temendo a bala ferina.
Mas quando Lampião viu
Que lá havia ruína
Correu com medo dos cabras,
De Dona Fideralina.

E já no Barro,
mais distante ainda, cantavam:

Bem que Lampião dizia,
Que deixasse de asneira.
Que passasse bem longe
De Lavras da Mangabeira.

Pescado no Blog do José Valdir 

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