segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Depois da derrota

Lampião em Limoeiro do Norte


Após a terrível derrota que sofreu em Mossoró / RN em 13 de junho de 1927, em que perdeu dois grandes cangaceiros (Colchete e Jararaca), Lampião andando à cavalo, juntamente com seus comandados, adentrou no território cearense com destino á cidade de Limoeiro do Norte no Ceará.

Em rápido deslocamento, o rei vesgo do cangaço alcançou a fazenda do Sr. Anízio Batista, na Lagoa do Rocha, e sob sua direção entrou em Limoeiro, tendo sido recebido por Custódio Menezes (juiz de paz), em virtude da ausência do prefeito (Cel Felipe Santiago de Lima)*, e pelo padre Vital Gurgel.

Lampião, esperto como uma águia, antes de entrar na respectiva cidade, mandou Anízio Batista sondar as autoridades locais, sobre a possibilidade de recebê-lo, pacificamente, ou não.

Diante do gesto afirmativo das autoridades, de não promoverem nenhuma represália / agressão ao temível cangaceiro, até porque Limoeiro não tinha condições satisfatórias de defesa, Lampião entrou serenamente com seu grupo naquela cidade, tendo dito ao Sr. Anízio:
" O senhor vai na frente, pois se houver qualquer reação, a primeira cabeça a rolar será a sua ".
Já no interior da cidade, Lampião caminhou até o Hotel Lucas, onde mais tarde jantaria. Antes de iniciar a refeição exigiu que alguns cidadãos experimentassem a comida, antes dele e de seu grupo.

O padre Acelino Viana Arrais saiu de sua fazenda, Maçarico, com a finalidade de ver Lampião, com quem teve o seguinte diálogo:
" - Lampião, eu tenho coragem de acompanhar-lhes na vida do cangaço." 
Ocorre que o sacerdote era bem nutrido e possuia um ventre avantajado. Virgulino fitou-o, e fez, a seguinte observação:
" Seu vigário, homem barrigudo, não pode participar dessa vida, porque além de dura, nós se arrasta como cobra pru mode atirar nos macacos. Hômi da barriga grande não dá para isto "



Virgulino, ainda na cidade de Limoeiro procurou o doutor da cidade - Dr. Araújo. Foi á farmácia Araújo com os feridos ( tiroteio de Mossoró). Assistiu aos curativos e, após, insistiu em pagar os honorários. Não sendo atendido, presenteou o médico com um pequeno punhal de cabo de chifre, adornado com anéis de ouro. Em seguida, tomou conhaque num bar.

Um fotógrafo aproveitou a oportunidade, e convidou Lampião e seu grupo a deixar-se fotografar, no que foi antendido. Amante da publicidade, o Rei vesgo do cangaço convocou seus companheiros e os sequestrados (Cel. Antonio Gurgel, D. Maria José, etc..). Formou na linha de frente, com um joelho em terra e empunhando o mosquetão. Na segunda foto batida com vinte e poucos cangaceiros montados á cavalo, ele aparece tristonho, montado num burro. Os negativos foram revelados e copiados em Mossoró/RN, no atelier do Otávio.


As volantes do Ten. Costa e de Quelé vinham seguindo os passos dos cangaceiros. Lampião pretendia dormir em Limoeiro, mas devidamente informado do movimento das volantes, e atendendo aos conselhos das autoridades locais, resolveu não pernoitar na respectiva cidade.

No outro dia as volantes chegaram, ai já era tarde, o rei do cangaço, já estava distante com seu grupo.

FONTES DE CONSULTA:
1- Lampião em Limoeiro do Norte - Autor: Antonio Nunes Malveira
2- A Marcha de Lampião - Autor : Raul Fernandes

 
Uabraço a todos.
IVANILDO SILVEIRA
NATAL/RN

*O nome do prefeito nos foi informado pelo confrade Raimundo Gomes em 12 de Janeiro de 2013.
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Adendo importante!


Com relação as fotos das trincheiras em Mossoró, após a resistência do 13 de junho de 1927, e do Jararaca na prisão, inclusive ladeado pelos dois soldados, são, da autoria de José Octávio, dono do Atelier J. Octávio. Agora... As fotos feitas em Limoeiro do Norte-CE, que em muitos livros aparecem como de autoria do José Octávio, estas são do fotógrafo limoeirense Chico Ribeiro, que trouxe os negativos e as revelou no Atelier mossoroense. Melhores informações estão no livro "Nas Garras de Lampião - Diário do Cel. Gurgel" - Antonio Gurgel & Raimindo Soares de Brito. 2ª edição 2006. 


Kydelmir Dantas _ Mossoró-RN. 

Um comentário:

Sérgio disse...

Enquanto Raul Fernandes escreveu seis páginas e meia sobre Limoeiro e NÃO ESTEVE LÁ, o 'cabra SD' foi, gastou dinheiro, ouviu pessoas e consultou documentos naquela cidade do Jaguaribe.
No livro LAMPIÃO NO RN - A HISTÓRIA DA GRANDE JORNADA, o episódio de Limoeiro do Norte é contado em doze páginas (quase o dobro do Dr. Raul).
O trabalho do amigo Malveira é bem completo, pois o homem é de lá mesmo; do Limoeiro. Malveira fez pesquisa in loco e não mandou emissário. Ele buscou por si, como manda a regra.
Mas, como prata de casa não faz milagre e nem serve de referência...Outra vez um certo cabra fica de fora!
O que me pergunto - já que alguns folhetos não servem como referência - é 'o que é que se tem lido, em verdade' e 'o que se gosta de ler', antes de publicar algo outra vez..
Abraço
Sérgio