segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Volante em ação

O estudo de fontes documentais é básico, para os que contemplam a história. 

Por Rubens Antonio




Transcrição

De Bomfim, 10-12 de Março de 1929. 

Dr. Madureira de Pinho Chefe Policia Bahia. Confirmando telegramma dirigi hontem vossencia foram presos João Agostinho Silva conhecido Nonato e irmão Saturnino Roberto da Silva vulgo Juca, o primeiro na fazenda Morro Branco, pelo Sargento Flavio, o segundo em Carrapichel, pelo 1o Sargento Octacilio Alves Senna, os quaes estão aqui presos pt Estes individuos são os mesmo conhecidos como gente de Lampeão que anno passado ordenado vossencia apresentei-os com tres Irmão delegado regional Petrolina donde fugiram pt. Baldados cerco casa e batidas Matto Catuny para captura bandido criminoso Faustino ou Fausto Gomes, vulgo Banzé, informando mulher mesmo elle e filhos apareceram e voltaram logo dizendo virem pegar em armas pt. Este vcriminoso é pae bandido Hortencio Silva, vulgo arvoredo, pertencente grupo Lampeão e meu conhecimento por José Lima, em Jaguarary, quando anno passad alli estive, continúo xxx em outras observações. Saudações. 
(a) Capitão José Galdino

Falando nisso...
Bernardino Madureira de Pinho

 


Nasceu a 30 de agosto de 1879, filho de Virgílio Tourinho de Pinho e Mariana de Senna Madureira. Em fevereiro de 1893, ainda menino, discursou, no Teatro Politheama, em Salvador, pedindo a Ruy Barbosa para realizar uma conferência no Theatro São João, em benefício de 50 órfãs do Asilo de Nossa Senhora de Lurdes de Feira de Santana.
 

Apreciador da Antiguidade Clássica, deu aos seus filhos os nomes de Demósthenes, Péricles e Demades. Bacharel em Direito, fez campanha presidencial para o mesmo Ruy Barbosa. Participou com Ruy Barbosa do seu périplo pelo sertão baiano, em 1919. Quando este esteve em Senhor do Bonfim, em 5 de dezembro de 1919, acompanhou-o, aparecendo na foto à entrada do palacete em que se hospedaram, pertencente, então, ao coronel Antonio Felix Martins.
 


Madureira de Pinho é o calvo de bigode, à direita. 

Acompanham-no nesta fotografia também, além de Ruy Barbosa, Antonio Felix Martins, Salustiano Figueiredo, Cordeiro de Miranda e Francisco Esteves da Silva Bernardino.

Foi nomeado Secretário da Polícia e segurança Pública, pelo Governador Góes Calmon, em outubro de 1925, permanecendo no governo Vital Soares. Foi o nomeador e grande apoiador dos comandantes militares na estratégia baiana de confronto ao Cangaço.
 

Nelson Pinto, em palestra sobre sua Biografia, no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, quando do centenário do seu nascimento, a modo de “Elogio”, lançou:
“Lampeão era um fruto do Nordeste brasileiro e, no seu tempo, tudo no sertão era seu aliado: a topografia, a distância, a caatinga, o pavor das populações, a falta de estradas e de transportes etc., etc. Basta que se registre que Madureira “não poupou sacrificios, numa luta que não dependia da eficiência das autoridades policiais”. Igualmente, foram “notórias as qualidades de resistência, de arguta inteligência e de bravura do soldado baiano”.”
O avanço dos eventos da Revolução de 1930, fez com que se exonerasse, “a pedido”, em 8 de outubro de 1930, sendo subistituído pelo bacharel em Direito Francisco Prisco de Souza Paraíso. Preso e processado pelos vitoriosos, após liberto, reintegrou-se apenas moderadamente na vida social e política baiana.
Desestimulado a permanecer na Bahia, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde já viviam seus filhos.
 

Faleceu a 15 de maio de 1950.


Mais um achado do CSI Rubens Antonio disponibilizado em seu Cangaço na Bahia

Um comentário:

ADERBAL NOGUEIRA disse...

Quantos documentos se perderam ao longo do tempo?
Quantas fotografias foram também esquecidas dentro de gavetas?
Graças aos amigos garimpadores da história, é que ainda nos resta muito material importante salvo para as novas pesquisas.
Parabéns aos abnegados das pesquisas.
Aderbal Nogueira