quinta-feira, 26 de julho de 2012

Depois da derradeira hora

“Ritos de Passagem” foi lançado em Feira de Santana

Novo longa-metragem em animação do diretor Chico Liberato, baseado em dois personagens que compõem o imaginário do sertão nordestino, foi lançado na Celebração das Culturas dos Sertões



O cineasta e ilustrador Chico Liberato, responsável pelo primeiro longa-metragem em animação feito na Bahia (e o terceiro no Brasil), “Boi Aruá” – inspirado na literatura de cordel em 1983 -, lança seu novo longa-metragem de animação, “Ritos de Passagem”, no dia 8 de maio, às 19h, no Centro de Cultura Amélio Amorim, em Feira de Santana. O filme foi realizado a partir do Edital de Apoio à Produção de Obras Audiovisuais de Longa-Metragem, edição 2008, do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (SecultBA) e da Secretaria da Fazenda (Sefaz).



A animação narra o encontro do líder espiritual Antonio Conselheiro com o cangaceiro Lampião, rebatizados, respectivamente, como o Santo e o Guerreiro. A história retrata os acontecimentos trágicos do sertão do final do séc. XIX e início do séc. XX e começa a ser contada no momento em que os dois personagens morrem e entram na Barca de Caronte, que remete à mitologia grega, na qual as almas atravessam o perigoso rio da morte, o Aqueronte, às margens do inferno. “Através da lembrança de seus ritos de passagem – nascimento, batismo, transição da juventude para a idade adulta, morte e transcendência – os personagens vivem um processo de auto-análise e refletem sobre os acontecimentos que viveram no sertão”, revela o autor.



O filme conta com a ajuda das cantigas populares, flora, fauna, costumes, trajes, vocabulário e sotaques da região para dar vida à história destes já míticos personagens. Para o cineasta, é necessário valorizar essas expressões culturais tão presentes no dia a dia do povo nordestino.  ”A cultura sertaneja, é de extrema importância e não é mostrada como deveria, há uma super valorização do que vem de fora, e a população local acaba se excluindo de uma riqueza que está tão próxima de si, por isso toda minha obra é baseada na cultura sertaneja, cujo objetivo é conscientizar o povo brasileiro”, afirma.

Só um tiquim



Para a realização do longa, foram contratados cerca de 90 profissionais, entre técnicos, artistas e equipe de apoio. Dentre os componentes, participa a esposa do cineasta, Alba Liberato, que é a roteirista do longa. “Alba fez discursos maravilhosos e emocionantes, com toque de realismo incrível”, elogia Chico. O projeto contou ainda com artistas importantes, como Jackson Costa, Ingra Liberato, entre outros que emprestaram suas vozes aos personagens, além da participação especial da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA) na trilha sonora com duas peças sinfônicas: “Veredas” e “Ritos”. No longa o maestro Eduardo Torres é responsável pela regência da Orquestra na peça “Veredas”, que teve solo de violão do compositor João Omar. Já na peça “Ritos”, o próprio compositor, João Omar, assumiu a regência da Orquestra.

Trailer



Sobre o autor: Vida e obra de Chico Liberato

Nascido na cidade de Salvador, em 1936, o cineasta e artista plástico Chico Liberato iniciou sua carreira em 1963, como artista plástico, numa coletiva de alunos de Ivan Serpa e Domenico Lazarini, no MAM – Rio de Janeiro. Já no cinema sua trajetória começou em 1972 com o desenho animado de curta duração “Ementário”. A partir daí, até 1979, entre ficções e animações, produziu um curta a cada ano, um dos mais lembrados e premiados é “Boi Aruá”, inspirado na literatura de Cordel. O desenho tem traços e cores fortes, retratando a vida do interior nordestino, mostrando a cultura das comunidades da caatinga. Esse filme de animação foi premiado pela UNESCO e participou da I Jornada Internacional de Cinema, se tornando um marco para o desenho animado no estado. Ele é considerado um dos mais significativos artistas baianos, consagrado no Brasil como pintor, escultor, desenhista, artista multimídia e cineasta. Ainda na adolescência, Liberato foi morar em uma comunidade indígena no sul da Bahia. Após cinco anos, agregando conhecimento e valores culturais a sua vida e arte, ele retorna com bagagem suficiente para dar continuidade a sua empreitada. Inspirado na cultura popular, ele evidencia em seu trabalho símbolos de caráter tradicionais, utilizando materiais naturais como madeira, folhas e sementes de açaí.

Pesquei em Dimas Bahia.Gov

e no  Blog do Longa

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