Lendo e pesquisando tantos jornais e revistas da época em que Lampião atuava, isto é, anos 20 e 30 do século passado, não passou despercebido, de vez em quando aparecia caricaturas e charges de Lampião, mas, o que me chamou a atenção foi a utilização do personagem com a política e os políticos do poder naquele período.
Contextualizar cada charge ou caricatura seria por demais maçante, pois creio que elas não perderam o caráter atemporal.
As codificações visuais que os chargistas queriam passar ao retratar Lampião eram afetadas de acordo com a região do artista, o que determinava, até pela falta de conhecimento que tinham do caricaturado, a representação de formas tão dispares na fisionomia desenhada.
As charges com Lampião, nessa pesquisa, abrangem o período de 1926 a 1939, porém acrescentei duas de 1969, sendo a última apresentada, uma propaganda com alusão ao desenvolvimento industrial através de incentivos fiscais, citando Sudam-Sudene onde Lampeão é usado como referência de uma região. Ao todo o livro mostra 83 charges e caricaturas.
A charge tem como finalidade satirizar, descrever ou relatar fatos do momento por meio de caricaturas, com um ou mais personagens de destaque, nas áreas da política com maior frequência.
As apresentadas nesse livro abrangem personagens de prestígio nacional como o Padre Cícero, Antônio Carlos, governador de Minas, Capitão Chevalier, com a famosa tentativa de uma expedição contra Lampião no início dos anos 30, Getúlio Vargas como presidente do governo provisório após a revolução de 1930.
Após sua morte, cartazes foram utilizados como propaganda de filme da Warner, com James Cagney “substituindo o famoso cangaceiro nordestino”.
A propaganda comercial também utilizou com frequência o nome de Lampião. Como curiosidade inseri no trabalho as da Casa Mathias e O Mandarim, que apresentavam nos seus comerciais um conteúdo humorístico.
Até o conhecido compositor Noel Rosa, como Lampeão foi caricaturado. Como se fossem dois personagens ao mesmo tempo é mostrado características de identificação de Lampião com o rosto de Noel Rosa. Mesmo nas capas de famosas revistas, Careta em 1926 e 1931, O Cruzeiro em 1932, Lampeão é caricaturado.
Na contracapa desse livro, consta a foto original muito popular de Lampeão e seu irmão Antônio Ferreira, já nesta época, famigerado cangaceiro, perseguido em Pernambuco, Paraíba, Ceará e Alagoas. Foi tirada em Juazeiro do Norte, no estado do Ceará, onde Lampeão foi convocado pelo Padre Cícero a pedido do deputado federal Floro Bartolomeu, para combater os inimigos do governo de Artur Bernardes, a Coluna Prestes, em 1926. Na capa, usando a foto da contra capa, foram introduzidas as faces de Getúlio Vargas como Lampeão e Osvaldo Aranha como Antônio Ferreira. Foi publicada pelo Estado de São Paulo em 24 de setembro de 1933, sendo Getúlio já vitorioso da revolta de 1932 em São Paulo.
O desenho era utilizado, isto é, a charge, como uma crítica político social onde as situações cotidianas são exploradas com humor e sátira. Lampião foi personagem principal dos chargistas, mas o objetivo era atacar os poderosos da época, geralmente vítima dos jornais da oposição.
Coloquei tudo numa ordem cronológica para facilitar a sequência histórica, pois, no futuro com a leitura das diversas obras publicadas sobre Lampião e o cangaço em geral, teremos uma visão não contextualizada das sátiras contra os personagens vítimas dos chargistas.
O livro tem 95 páginas, custa R$ 25 (Vinte e cinco reais) com frete incluso e você adquire diretamente com o autor pelo email luiz.ruben54@gmail.com
*Luiz Ruben F. de A. Bonfim. Economista e Turismólogo e Pesquisador do Cangaço e Ferrovias
1927 – Um interessante artigo de Tércio Rosado Maia sobre o cangaço
Por Rostand Medeiros
Publicado na imprensa pernambucana três
dias após o ataque de Lampião a Mossoró, o texto nada comentou sobre este grave
episódio!
Tércio Rosado Maia foi um potiguar
nascido no dia 19 de agosto de 1892, em Mossoró, sendo o terceiro filho
do farmacêutico paraibano Jerônimo Ribeiro Rosado e de Maria Amélia
Henriques Maia, que faleceu justamente durante o parto de Tércio. Seu
pai, como era o costume comum na época, logo contraiu matrimônio com
Isaura Henriques Maia, sua cunhada. Tércio Rosado Maia – (1892 – 1960)O patriarca Jerônimo inicia a partir do
nascimento de Tércio uma tradição singular na família Rosado de Mossoró.
Tércio em Latim significa terceiro e seus irmãos que nasceram
posteriormente foram batizados com números. Alguns em latim, mas a
maioria com numeração existente no idioma francês. Tércio se mostrou um homem de extrema
capacidade, onde buscou ampliar muito dos seus conhecimentos através dos
estudos. Já nos primeiros anos da década de 1910 concluiu o curso de
farmácia na Escola de Medicina da Bahia. Dinâmico e atuante foi um dos
pioneiros do cooperativismo no Rio Grande do Norte, responsável em 1915
pela criação da primeira cooperativa potiguar; a Sociedade Mossoró Novo.
Consta que passou um tempo trabalhando na Estrada de Ferro de Mossoró e
em 1925 deixou este emprego e passou a morar na capital pernambucana [1]. Ainda em Recife concluiu o curso de odontologia em 1929, o de Direito em 1940 e chegou até o 4º ano de medicina. Mossoró, primeira metade do século XX – Fonte – blogdetelescope.blogspot.comMas voltando para a segunda metade da
década de 1920, ao realizarmos uma pesquisa na hemeroteca do Arquivo
Público do Estado de Pernambuco, descobrimos que nesta época Tércio
Rosado estava em Recife não apenas aprendendo sobre dentes, ele
igualmente começou a escrever na imprensa do Recife e a participar
ativamente da vida intelectual da cidade. Não sei quando e em qual periódico ele
começou a escrever na capital pernambucana, mas vamos encontrá-lo
assinando em 10 de abril de 1927 um interessante artigo sobre a chegada
do hidroavião português “Argos” a Recife. O trabalho foi publicado na
primeira página do Diário de Pernambuco, um dos mais respeitados jornais do Brasil naquela época[2]. Na sequência o nome de Tércio Rosado
Maia começa a aparecer ocasionalmente na coluna “Estudos e opiniões”,
onde trazia principalmente temas que iam desde o folclore nordestino,
até mesmo assuntos internacionais. Quase sempre esta coluna era
publicada nas primeiras páginas do Diário de Pernambuco. Recife, Ponte da Boa Vista, primeira metade do século XX – Fonte – http://www.luizberto.comJunto com sua atuação nos periódicos, Tércio também começou a fazer parte do Cenáculo Pernambucano de Lettras,
uma das várias associações literárias que congregavam grupos de
intelectuais em Recife. Nesta época também fazia parte desta associação o
médico potiguar Abelardo Calafange. Na continuidade das minhas pesquisas, encontrei na edição do Diário de Pernambuco
de quinta-feira, 16 de junho de 1927, na segunda página, um
interessante e pouco conhecido artigo escrito por Tércio Rosado Maia
sobre os cangaceiros nordestinos. O bando de Lampião. Foto realizada após a derrota em Mossoró, em Limoeiro do Norte-CE.Intitulado
“A magistratura e a prophilaxya do cangaceirismo”, inicialmente clamava
por uma ação mais ativa da magistratura contra os sobas das localidades
interioranas, os portentosos coronéis que tanto contribuíam para a
formação e a existência dos grupos de cangaceiros. Apesar da sua
formação acadêmica em Direito só haver ocorrido treze anos após o famoso
ataque de Lampião a Mossoró, Tércio Rosado escreveu este interessante
texto com extrema segurança e desenvoltura em relação as suas opiniões. Também trazia a sua visão sobre os fatores que determinavam a criação dos cangaceiros, classificando-os “por índole, degenerados e perversos”.
Ainda sobre os cangaceiros no texto chama atenção quando Tércio Rosado
apontou a ação positiva da magistratura potiguar no combate ao cangaço.
Mas confesso que desconheço completamente a qual caso ele fez
referência, que envolveu a ação de magistrados no combate a cangaceiros
no Rio Grande do Norte. Fonte – cariricangaco.blogspot.comO texto de Tércio Rosado Maia suscita
muitos outros questionamentos e o mais importante estava no fato dele
ter sido publicado apenas três dias após o ataque de Lampião e de seus
homens a cidade de Mossoró. Mas no material publicado não existe uma
única referência sobre este famoso ataque, ocorrido no dia 13 de junho
de 1927. Diário de Pernambuco, primeira página, 19 de junho de 1927.Vale ressaltar que a primeira notícia do Diário de Pernambuco sobre
o ataque a cidade natal de Tércio Rosado só foi publicada no dia 19 de
junho, seis dias após a ocorrência dos episódios. Era uma pequena nota
na primeira página, onde a empresa Leite Bastos & Cia. informou ter
recebido um telegrama de Ramiro Queiroz comentando sobre o ataque, o
pavor da população mossoroense, a morte do cangaceiro Colchete e a
prisão do temido cangaceiro Jararaca. Jornal do Brasil, edição de quarta-feira, 15 de junho de 1927, página cinco.Apesar dos sistemas de comunicação
existentes no Nordeste brasileiro em 1927 não serem tão modernos, a
notícia do ataque de Lampião a Mossoró logo alcançou locais muito mais
distantes do que Recife. O periódico carioca Jornal do Brasil,
edição de quarta-feira, 15 de junho de 1927, na página cinco, trazia uma
nota intitulada “Audácias do Banditismo” e resumia o ataque dos
cangaceiros a cidade potiguar. Apesar de não ter descoberto quer era o Sr. Ramiro Queiroz, é inquestionável o atraso do conceituado periódico Diário de Pernambuco em publicar tão grave acontecimento ocorrido em uma cidade nordestina. Sem mais delongas o leito poderá ler o
artigo de Tércio Rosado Maia na íntegra, aqui reproduzido com a escrita
original. As palavras marcadas em negrito seguem o padrão original do
texto conforme foi publicado em 16 de junho de 1927. Boa leitura! Diário de PE-26-07-1927 (1)“ESTUDOS & OPINIÕES” A MAGISTRATURA E A PROPHILAXYA DO CANGACEIRISMO Sobre os hombros do magistrado impende a tarefa principal de sanear o Nordeste da epidemia do Cangaço. Este acerto cathegorico, tout court[3], nasce de um exame preciso da singular instituição que tanto estorva o progresso e a estabilidade da vida regional. E tem a sua contra-prova, decisiva, fulminante, num exemplo irretorquível e brilhantíssimo: o caso do Rio Grande do Norte. O magistrado, aqui no Nordeste quando não é, por sua
incapacidade, fraqueza, e desorganização, o principal gerador do
cangaceiro, significa o melhor prophylatico de que o governo, possa
lançar mão para exterminar a praga do cangaço, ao nascedouro. O magistrado, agindo dentro das normas estrictas do Dever e
conscio de suas responsabilidades, representará no organismo da Região o
papel de um phagocyto, insulando e eliminando os elementos tornados
deletérios, e immunizando o meio de forma a faze-lo refractario a
população de taes vírus de ruina e decomposição. A dupla interrogação supra lançada, vou tentar uma resposta,
procurando de caso passado, fazer abstração e idéias e conceitos
todo-formados sobre o assunpto e atirados em circulação com a
impertinência de dogmas. Norteio meu esforço em ver com meus próprios olhos, e analysar
com meu proprio senso analytico o problema do cangaço. E vejo afina,
desvanecido e satisfeito, que as minhas conclusões em alguns pontos
coincidem, e noutras se aproximam das idéias de outros que,
reputadamente, souberam distinguir claro, no confuso phenomeno
pathologico que é o banditismo no Nordeste. O cangaceiro – o profissional do Cangaço, póde ser levado a este
meio extremo de vida por diversos motivos. Ora, é a explosão destruidora
de latentes instictos de ferocidade sanguinaria, conduzindo ao primeiro
assassinato, elo inicial de uma cadeia maldita que acrescerá
continuamente até o fim da vida. Dessa forma, surge a escoria do
cangaço, a mais perigosa e perversa camada da classe. São os seus componente criminosos-natos, individuos degenerados a
quem o momento sobrevindo, aproveitam gostosamente a ensancha de se
encarreirarem no crime. Um outro grupo, esquerdo e apagado, exercendo a contragosto a
singular profissão com um fatalismo melancholico e resignado, é formado
pelos criminosos ocasionais, de diferentes matizes, os que por uma
circumstancia fortuita, inesperada, uma fatalidade, emfim, bruscamente
incidiram nas disposições punitivas do Codigo; e, sem coragem para
enfrentarem a perda de liberdade ou os azares do jury, abrigam-se á
impunidade aleatoria do cangaço… Uma outra divisão ainda; a dos revoltados: se os dois primeiros
grupos proliferam com a responsabilidade directa do magistrado, por que
os meio de acção de este dispõem nem sempre permittem reduzir á
obediencia das leis os elementos recalcitantes: os revoltados constituem
uma reacção directa da magistratura viciosa e indigna. O revoltado é o homem a quem a Sociedade, pela boca expressiva de
seu magistrado, negou Direito, faltou justiça. Indignado, elle tenta
fazer justiça por suas mãos, justiça que não é justiça, por que esta só
póde ser impessoal e equânime. Dado o primeiro passo, o revoltado
segrega-se do contacto social, homisiando-se em alguma fazenda distante,
sua ou de algum amigo. Se não o incommodam, elle recobrará mais tarde
sua anterior personalidade.
De alcateia, porém, durante algum tempo,
elle, sendo perseguido reage, lucta. Aggrega companheiros – parentes e
asseclas, mantem o pequeno grupo em pá de guerra, no cangaço emfim;
o trabalho descurado, intermitente, quasi ineficaz, já não repara as
brechas feitas nas pequenas economias. Os recursos se exgottam; surge
então os expedientes de pedidos de dinheiro,
verdadeiras extorsões que a pequena tropa nomade vae fazendo sertão em
fóra. Mais tarde as depredações e tropelias.
Ou então o grupo cae sob o
patrocinio de um potentado, senhor de engenho, dono de grandes
latifundios, az ou rei no baralho da politica local. Este dá aos protegidos, muitas vezes, uma occupação pacifica; outras vezes os utiliza nas suas pazzias[4], ou emprezas políticas e… financeiras. Porque atingiu em zonas do interior, v. g.[5] nos Cariris cearenses, á perfeição de uma verdadeira exploração industrial. O potentado sertanejo é um remanescente do feudalismo medieval;
negue, embora, Sylvio Romero a verdade é que o desenvolvimento da
colonia recapitula, atravez de formas fustes e camufladas; a história da
metropole, e assim não há que extranhar em reconhecer no grande
proprietário matuto, o neto do barão feudal. Com a preoccupação de ostentar força e prestigio, a vaidade dos
chefes sertanejos leva-os a acolher e amparar esta escumalha do crime,
garantindo-lhe a manutenção e a impunidade. E timbram em afrontar os
balbuciantes reclames da justiça local. Esta, desamparada do poder central, assombrado pelo prestigio politico do temido coronel, reduz-se, annulla-se, dobrando, subserviente, ao capricho dos poderosos. Vê-se, portanto, que geralmente, de tres fontes recruta-se o
exercito do cangaço: os criminosos por indole, degenerados e perversos;
os assassinos occasionaes em que se incorporam os criminosos passionaes
e, por ultimo, os revoltados, os que torturados pela fome e pela sêde de
justiça arvoram contra a Sociedade – emulos de Miguel Kohlhaos, herói
citado por Ihering[6] – bandeira sangrenta da rebellião. Enquadrando o conjuncto, fornecendo ao meio de cultura de taes
germens os elementos nutritivos substanceais. A figura bastarda de juiz
pulsilaneme e desmoralizado, e a catadura bronca do despota sertanejo,
chefe politico ou magnata da roça. Cabe, indiscutivelmente, á Policia
Militar de todos os Estados interessados, e actuando combinadamente,
como já esta se fazendo[7],
a destruição de nucleos de bandidos que, exacerbados pela passagem das
hordas de Prestes, e dellas tendo recebido admiraveis licções de uma
tactica irreprehensivel, mostram agora uma audacia e mobilidade
espantosas[8]. E tambem a esta policia impede a vigilancia manu miltari[9],
sem condescendencias, e por um largo tempo ainda, de certas paragens
mal afamadas que a experiencia historica assignalou como outros tantos
locais habituaes de formação cangaceira. Mas é a magistratura, que devidamente apparelhada, se antolha,
principalmente, a grande e nobilitadora tarefa de sanear o Nordeste,
esterilizando o ambiente social sertanejo, de maneira a tornar
antecipadamente inviaveis, essas larvas monstruosas do Crime: os
cangaceiros. Pode a magistratura realizar este ambicionado desideratum[10]? Póde; dil-o com segurança, o Rio Grande do Norte. Ouçamol-o, um pouco em sua historia. Recife 14-6-927 Tercio Rosado Maia. Diário de PE-26-07-1927_________________________________________________________________________ Mesmo tendo sido escrito no dia 14 de
junho de 1927 e publicado dois dias depois,tenhcomo afirmar se o
motivo de Tércio escrever este texto foi devido ao ataque de Lampião a
Mossoró, ou outra razão. Encontrei uma referência sobre este artigo no
livro “Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro”, da
francesa Elise Grunspan-Jasmin, na página 223 (EDUSP, 2006). Considerado um dos maiores intelectuais
mossoroenses, Tércio Rosado foi também professor em Mossoró, onde
lecionou na Escola Normal e no Ginásio Diocesano Santa Luzia, onde seus
cursos práticos de agricultura marcaram época. Já no Recife exerceu o
magistério na Faculdade de Comércio, Escola Politécnica, Escola Normal
Pinto Júnior, Ateneu Pernambucano, Faculdade de Farmácia da Universidade
do Recife, Ginásio Pernambucano, Colégio Santa Margarida e Colégio Vera
Cruz. Tércio Rosado Maia faleceu em 8 de novembro de 1960, aos 68 anos de idade. NOTAS [1] Ver Diário de Pernambuco, edição de 27 de junho de 1926, página 10. [2]
Ver Diário de Pernambuco, edição de 10 de abril de 1927, 1ª página. O
hidroavião português “Argos” havia realizado naquela época a primeira
travessia noturna do Oceano Atlântico, era pilotado pelo militar
Sarmento de Beires e havia amerissado no Rio Potengi, em Natal, poucos
dias antes. [3]Tout court – Expressão
francesa que significa – sem mais nada, simplesmente, tal qual, sem
nada a acrescentar. De um modo geral era comum nas primeiras décadas do
século passado o uso de expressões em língua estrangeira, principalmente
em francês, nos textos publicados pelos intelectuais brasileiros. Tal
como acontece atualmente com o inglês. [4]Pazzias – Em italiano, no plural, significa – loucuras, demências, insanidades. [5]V.g. – Abreviatura da expressão em Latim verbi gratia, que significa – por exemplo. [6]
Quase certamente nesta parte deste texto houve um erro de transcrição
do alemão para o português. Tércio Rosado Maia não comenta sobre uma
pessoa, mas sobre um livro intitulado “Michael Kohlhaas” e escrito pelo
dramaturgo, poeta e contista alemão Heinrich von Kleist (1777 – 1811).
Neste livro Kleist conta a história do negociante de cavalos Michael
Kohlhaas, que se engaja contra uma injustiça praticada contra ele. A
história do livro se passa em meados do século XVI e a obra foi escrita
em 1810, porém, apesar dos mais de 215 anos, é considerado um livro
muito atual. As discussões que suscita vão desde os meios que são
permitidos na busca da justiça até questões mais amplas como o ideal
subjetivo versus a realidade mundana, a liberdade individual versus a
opressão governamental, o povo versus o poder. Trata-se de uma história
de impotência. Tanto o tema da busca fanática pela justiça quanto o
estilo, espécie de crônica longa, são surpreendentemente modernos. Ver –
http://www.sul21.com.br/jornal/a-necessidade-de-justica-e-a-solidao-de-michael-kohlhaas/ [7]
Em 12 de dezembro de 1926, o advogado Estácio Coimbra assume o mais
alto cargo no Poder Executivo de Pernambuco. Neste novo governo foi
designado como Chefe de Polícia (cargo equivalente atualmente ao de
Secretário de Segurança) o também advogado Eurico Souza Leão. Este era
filho de tradicional família de plantadores de cana do litoral, morava
no Rio de Janeiro, mas não recusou o pesado trabalho. Logo marcou uma
reunião para promover convênios com os estados vizinhos, visando uma
ação contra o cangaço, contando com o apoio do governador Coimbra. É
sobre esta ação combinada entre os Estados que comenta no texto Tércio
Rosado. Além desta ação conjunta, ocorreram nos primeiros meses de 1927
outras ações referentes a ação da segurança pública contra os
cangaceiros no interior pernambucano que logo trouxeram resultados
positivos. Quando completava seis meses a frente do cargo, no dia 11 de
junho de 1927, através da imprensa pernambucana, Eurico Sousa Leão
divulgou uma lista com o nome, alcunha e fatos ligados a captura ou
morte de 100 cangaceiros de diversos bandos que infestavam o sertão. [8]
Acredito que se os cangaceiros receberam algumas das “admiraveis
licções de uma tactica irreprehensivel” dos membros da famosa Coluna
Prestes, só se foi à distância. Inexistem informações de contatos
amistosos entre cangaceiros e membros da famosa coluna de
revolucionários comandados por Luís Carlos Prestes, quando estes
percorreram vários estados nordestinos em 1926. Neste mesmo, na cidade
cearense de Juazeiro do Norte e com o beneplácito do Padre Cícero,
Lampião recebeu a famosa e controversa patente de capitão. Junto com a
deferência vieram muitas armas modernas, munições e fardamentos para o
bando do famoso cangaceiro. O objetivo do Padre Cícero e de outras
autoridades era de contar com o reforço dos cangaceiros no combate aos
revolucionários de Prestes. Ao perceber o nível de comprometimento e
preparo dos homens que compunham a coluna de revoltosos, de forma
matreira Lampião evitou o confronto com os revolucionários e voltou à
vida errante de cangaceiro, mas agora muito melhor armado e
municiado. Este último fato é o que, apesar de toda repressão sofrida,
tornou os cangaceiros de Lampião mais audaciosos na primeira metade de
1927. [9]Manu militari é
uma locução latina que significa, literalmente, “com mão militar”, ou
seja, “com uso de força militar”. Usa-se a propósito de ações cumpridas
mediante o uso da força das armas ou com emprego de força policial ou
força armada. [10]Desideratum – Palavra do Latim que significa aquilo que é objeto de desejo, aspiração, pretensão.
Lampião, o cangaceiro! Sua ligação com os coronéis baianos, Raso da Catarina e outras histórias
Esse é o mais novo lançamento do historiador e escritor João de Sousa Lima. O livro faz um breve relato sobre quem foi Lampião; sua ligação com os dois mais famosos coronéis da Bahia, Petronílio de Alcântara Reis e João Sá.
A presente obra ainda nos remete as histórias acontecidas dentro do lendário Raso da Catarina e traz vários capítulos colhidos com exclusividade pelo autor.
O livro tem 232páginas e dezenas de fotografias incluindo imagens inéditas na literatura cangaceira. Pode ser adquirido diretamente com o autor no valor de R$ 45,00 (Quarenta e cinco reais) com frete incluso para todo o Brasil.
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Cariri Cangaço 2015 começa nesta quarta-feira (23)
Programação
23 de Setembro – Quarta-feira
CRATO – 20:00hs - LARGO DA RFFSA Lançamento do Filme – Os Últimos Cangaceiros Logo após a apresentação da Película, Roda de Conversa com... Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço Wolney Oliveira - Cineasta João de Sousa Lima – Pesquisador e Escritor Neli Conceição - Filha dos cangaceiros, Moreno e Durvinha
Lançamentos: Segunda Edição da Revista GECC, de Ângelo Osmiro Lampião e os Coronéis Baianos de João de Sousa Lima
24 de Setembro - Quinta-Feira
JUAZEIRO DO NORTE
8h30hs Visita Guiada Memorial Padre Cícero Capela e Cemitério do Socorro Serra do Horto Museu Vivo do Padre Cícero Valado da Mãe de Deus
LAVRAS DA MANGABEIRA
12:30hs Almoço Festivo e Temático 14:30hs Painel: O Pacto dos Coronéis Moderador: Geraldo Ferraz Painelistas Manoel Severo Sousa Neto Heitor Feitosa Macedo Urbano Silva
16:30hs Percurso pelos principais Cenários da Invasão de Lavras por Quinco Vasques Anfitrião: João Tavares Calixto Junior e Cristina Couto.
17:30hs Solenidade na Câmara Municipal de Lavras Conferência: Invasão de Lavras por Quinco Vasques João Tavares Calixto Junior
19:00h Lançamento: Considerações sobre a Invasão de Lavras em 1910 por João Tavares Calixto Junior. Relançamento: Cangaceiros por Gentil Augusto
21:00hs Ceia Sertaneja na Residência de Dona Fideralina.
25 de Setembro - Sexta-Feira
MISSÃO VELHA
9:00hs Solenidade na Câmara Municipal Conferência A Força dos Coronéis do Cariri por João Bosco André Moderador: Archimedes Marques
Presença especial de dona Orlandina; filha do Cel. Izaias Arruda
11:00hs Visita Engenho do Sítio de Santa Teresa Moagem Especial Cariri Cangaço. Anfitrião: Cícero Landim da Cruz
12:00hs Almoço da Fazenda Família Olegário de SantanaA
Anfitrião Antônio Edson Sobreira Olegário
JUAZEIRO DO NORTE
19:30hs Memorial Padre Cícero Painel : As Várias Faces de Cícero, o Santo do Juazeiro. Moderador: Ângelo Osmiro Barreto Painel Emerson Monteiro Lailton Feitosa Junior de Freitas
LANÇAMENTOS Quem Matou Delmiro Gouveia? Segunda edição ampliada de Gilmar Teixeira Charges com Lampião de Luiz Ruben Lampião e o Nascimento de Maria Bonita de Voldi Ribeiro
26 de Setembro - Sábado
JUAZEIRO DO NORTE
9:00h Hotel Ingra Premium Encontro Nacional do Cariri Cangaço Posse do Novo Conselho Consultivo Manoel Severo
Realização: Instituto Cariri do Brasil Prefeitura Municipal de Crato Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte Prefeitura Municipal de Missão Velha Prefeitura Municipal de Lavras da Mangabeira
Apoio: SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço GECC - Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará GPEC - Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço
Municípios Parceiros AURORA - BARRO - BARBALHA - PORTEIRAS - CE SOUSA - NAZAREZINHO - LASTRO - PB PRINCESA ISABEL - SÃO JOSÉ DE PRINCESA - PB PIRANHAS - AL POÇO REDONDO - SE FLORESTA - PE